Fusão Kraft-Heinz: "Por que a maionese não pegou?"

Se há uma transação que exemplifica os excessos do capitalismo financeiro, é a fusão entre duas empresas alimentícias americanas, a Heinz e a Kraft. Orquestrada em 2015 pelo fundo de investimento brasileiro 3G e pelo lendário Warren Buffett, a união do ketchup com as salsichas embaladas a vácuo durou pouco.
Na terça-feira, 2 de setembro, dez anos após seu nascimento e após ver dois terços de seu valor evaporarem na bolsa de valores, a Kraft Heinz anunciou que se separaria em duas entidades distintas. Uma, avaliada em US$ 15,4 bilhões (€ 13,2 bilhões) em vendas, se concentrará em condimentos, temperos e outros produtos para barrar (Heinz, Philadelphia, etc.), e a outra, avaliada em US$ 10,4 bilhões, herdará uma cesta que abrange desde frios a salgadinhos (Oscar Mayer, Lunchables, Capri-Sun, etc.).
Por que a maionese não pegou? A especialidade do chef 3G, o corte de custos exorbitante, tem prejudicado a capacidade inovadora das marcas do grupo, que estão presas entre produtos de baixo custo de distribuidores e ofertas de maior qualidade, em um momento em que os consumidores americanos estão abandonando sanduíches de pasta de amendoim e outros alimentos ultraprocessados em busca de alternativas mais saudáveis. Essa tendência é acentuada pelo sucesso dos medicamentos antiobesidade que limitam as compras compulsivas em supermercados.
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Le Monde